"A
mastite ou mamite é descrita como a inflamação
da glândula mamária, geralmente causada por uma infecção
da glândula mamária, na maioria das vezes causada
por bactérias. A transmissão da doença se
dá através de duas formas:de animal para animal,
chamada de mastite contagiosa e a mastite ambiental em que os
microorganismos ou as bactérias infectantes passam de um
ambiente contaminado para o úbere de uma vaca sadia. Quanto
à classificação a mastite pode ser clínica
ou sub clínica". Esta introdução foi
feita por Luís Fernando Laranja da Fonseca, professor do
departamento de Produção Animal da Faculdade de
Veterinária e Zootecnia da USP, ao alertar sobre a importância
de o produtor saber diagnosticar o seu rebanho.
De
acordo com Laranja, a mastite clínica é visível,
caracterizada pela presença de alterações
físicas no leite, como pus, grumo, sangue e leite aquoso;
cujo instrumento utilizado para o diagnóstico é
a caneca de fundo preto. Já a mastite sub-clínica,
que não é perceptível através de uma
inspeção visual, se caracteriza pelo aumento da
contagem de células somáticas no leite. Para estes
casos os testes são o CNT (teste da bandeja ou da raquete)
ou um teste mais sofisticado, com a contagem eletrônica
de células somáticas.
Laranja
informa que não existe rebanho que não tenha mastite.
Por isso, é necessário que o cooperado tenha uma
referência aceitável da doença. Este índice,
segundo o professor, deve girar em torno de 15%, para a mastite
sub-clínica e 1% da mastite clínica; em contraposição
à atual média do Brasil, que está em torno
de 45% para a mastite sub clínica e 3% para a clínica.
Estratégia
de Controle
O produtor que quiser reverter a situação da mastite
no seu gado deve seguir as medidas propostas no Programa Integral
de Controle de Mastite ou Programa dos Seis Pontos de Controle
de Mastite.
São elas:
1. Tratamento
de todas as vacas secas, com aplicação de antibióticos
específicos.
2. Tratamento imediato de todos os casos clínicos
3. Bom funcionamento do equipamento de ordenha
4. Correto manejo da ordenha
5. Descarte/segregação das vacas com mastite crônica
6. Boa higiene e conforto na área de permanência
dos animais.
O grande
desafio para o produtor é implantar definitivamente este
seis pontos, para que seja rotina em sua propriedade; dentre os
quais Laranja considera como mais importantes a desinfecção
dos tetos após a lavagem e o tratamento das vacas secas
com antibióticos. "Isso envolve conhecimento do Programa,
tradução da teoria para a prática e principalmente
treinamento de mão-de-obra", afirma Laranja. Os prejuízos
causados pela mastite são extremamente significativos.
"Devemos
dedicar uma atenção especial aos prejuízos
ocasionados pela queda na produção de leite, que
por muitas vezes passa desapercebido por estar relacionado com
a mastite sub-clínica", alerta o professor, mestrado
em Ciência Animal pela Esalq, doutorado em reprodução
animal pela Faculdade Veterinária da USP e Pós-
Doutorado pela Universidade do Kentuckly, nos EUA. Os dados apontados
são assustadores.
Existe
uma estimativa que mostra que cerca de 70% do prejuízo
da mastite está relacionado à queda na produção
de leite; e o que é pior, muitas vezes passa desapercebido,
pelo fato de a doença não ser visível a olho
nu.